Procurando na Internet por algo interessante para inaugurar o nosso blog, deparei-me com essa reportagem a Revista Época publicada no dia 19/07/2008 e atualizade em 14/04/2009, cujo título diz: 'Lápis, papel e computador.' É um texto muito bom e nos mostra com que passos essas inovações tecnológicas estão avançando no nosso país. Tenham uma boa tarde!
A fluminense Rejiane da Silva, de 14 anos, estudante de uma escola municipal em Piraí, Rio de Janeiro, precisava fazer uma pesquisa para a aula de Português. Para isso, usou seu Classmate, um notebook educacional de baixo custo. O aluno Michael Pereira, de Cordeirópolis, São Paulo, conheceu em detalhes nas aulas de Ciências o mosquito da dengue através da lousa digital, um quadro-negro de última geração que funciona como uma grande tela de computador, sensível ao toque. Helena Ribeiro, de 9 anos, de uma escola particular de Brasília, tinha como tarefa fazer uma maquete do Sistema Solar. Sua professora pediu que mergulhasse na internet para descobrir como fazê-la. O paulistano Pedro Veiga, de 11 anos, do tradicional Colégio Dante Alighieri, projetou um robô coletor de lixo e ganhou o 1o lugar no Dante Digital, feira que reúne os melhores trabalhos de robótica da escola.
Rejiane, Michael, Helena e Pedro são alunos do século XXI. A tecnologia para eles, principalmente a internet, já faz parte da educação. A tendência é praticamente inevitável. Com a popularização dos computadores, a internet entra na escola, mesmo que pela porta dos fundos, quando o aluno faz pesquisa em casa sem orientação do professor. Ou quando, à revelia dele, copia e cola algum material de pesquisa. A questão é como incorporar essas inovações ao ensino regular para melhorar o desempenho dos alunos.
No Brasil, existem iniciativas oficiais para equipar as escolas. Na terça-feira passada, o governo anunciou uma parceria com as operadoras de telefonia fixa para levar a internet de alta velocidade a 37 milhões de estudantes. Mais de 56 mil escolas públicas urbanas estarão conectadas em banda larga até o fim de 2010, graças a um investimento de R$ 1 bilhão das operadoras. O governo federal também mostrou interesse em adotar o projeto Um Computador por Aluno, idealizado por Nicholas Negroponte, do Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT). A idéia é equipar cada estudante com um laptop juvenil, que o acompanharia durante todo o ano letivo, inclusive em casa. Mas a licitação para comprar o primeiro lote, de 150 mil máquinas, foi cancelada em fevereiro. Segundo o governo, por causa do preço.
Afinal, qual é o papel dos computadores na educação? As pesquisas internacionais sugerem que a tecnologia pode acelerar o aprendizado. O Estado americano de Michigan investigou 22 mil alunos que usavam notebooks pessoais na escola e os levavam para casa. Em um ano, a proporção de estudantes com proficiência em leitura subiu de 29% para 41%. Já o porcentual dos aprovados em matemática dobrou, de 31% para 63%. Outro levantamento, feito na província canadense da Colúmbia Britânica, concluiu que o maior ganho foi na habilidade de escrita, que elevou em 30% o índice de aprovações.
Segundo o Ministério da Educação, 30% dos alunos do ensino fundamental estudam em escolas onde há algum computador, mas nem sempre as máquinas são usadas pelos alunos. A antropóloga americana Julie Remold, do centro de pesquisas SRI International, deixa claras as mazelas do ensino no Brasil. Julie visitou mais de 20 escolas para descobrir que, na maioria delas, os computadores só eram usados para ensinar informática. “Em todas as escolas públicas que visitei, o laboratório de informática ficava trancado e só funcionava na hora da aula. Muitas delas tinham sido roubadas. Isso diminui o interesse do aluno”, diz Julie. “Por enquanto, as melhores experiências de utilização de recursos tecnológicos como parte do plano pedagógico da escola são exemplos pontuais e não refletem uma mudança no cenário brasileiro como um todo”, afirma Mozart Neves, da ONG Todos pela Educação.
PESQUISADOR
Pedro fez um robô que coleta lixo, no Dante Alighieri. Algumas escolas já mostram o potencial da tecnologia. No Dante Alighieri, os alunos aprendem a resolver problemas com a robótica. Os alunos montam máquinas com motores, rodas, polias e circuitos eletrônicos acoplados a computadores. “A princípio, pode soar como uma atividade restrita à área de ciências exatas, mas tem todo um contexto social de aprendizagem”, diz João Vilhete D’Abreu, pesquisador na área de tecnologia aplicada à educação da Unicamp. O aluno Pedro Veiga descobriu isso ao longo do ano passado, enquanto montava o robô coletor de lixo. “O cérebro dele era uma escova de cabelo que girava e empurrava o lixo para um compartimento. Tudo automatizado pelo computador”, diz Pedro. Para sua mãe, Vera Cristina Veiga, a atividade valeu como uma lição de vida. “Não é um simples modismo, a robótica desenvolve na criança a capacidade de tentar de novo, de ser persistente.”
Pedro fez um robô que coleta lixo, no Dante Alighieri. Algumas escolas já mostram o potencial da tecnologia. No Dante Alighieri, os alunos aprendem a resolver problemas com a robótica. Os alunos montam máquinas com motores, rodas, polias e circuitos eletrônicos acoplados a computadores. “A princípio, pode soar como uma atividade restrita à área de ciências exatas, mas tem todo um contexto social de aprendizagem”, diz João Vilhete D’Abreu, pesquisador na área de tecnologia aplicada à educação da Unicamp. O aluno Pedro Veiga descobriu isso ao longo do ano passado, enquanto montava o robô coletor de lixo. “O cérebro dele era uma escova de cabelo que girava e empurrava o lixo para um compartimento. Tudo automatizado pelo computador”, diz Pedro. Para sua mãe, Vera Cristina Veiga, a atividade valeu como uma lição de vida. “Não é um simples modismo, a robótica desenvolve na criança a capacidade de tentar de novo, de ser persistente.”
Uma geração que crescer à vontade com a tecnologia estará mais preparada para conduzir o Brasil nas próximas décadas, em um mundo onde só as nações mais inteligentes vão sobreviver. A revolução científica que começou há 300 anos se acelerou exponencialmente. Por isso, o sucesso econômico – das empresas e dos países – é determinado pela velocidade com que eles adquirem e transmitem conhecimentos. Esse é nosso maior teste.
Por: Marcela Perroni
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